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23.11.12

Que tal um beijo, Saumensch?

"Odiei as palavras e as amei, e espero tê-las usado direito."

Me dei conta de que nunca falei sobre o blog. Me dei conta de que nunca, realmente, falei sobre sua criação e a escolha do seu nome. É estranho eu carregar esse amor e esse ciúmes imaturo. 

Como pode alguém sustentar um ciúmes tão bobo por causa de um livro? Um livro mundialmente conhecido e lido por muitas pessoas. Possivelmente, algumas estão lendo pela primeira vez, outras estão relendo e outras nem sabem da sua existência. Não me sinto estranha por sentir esse ciúmes, pois tenho certeza de que não sou a única.

"A menina que roubava livros" foi amor a primeira leitura. Jamais esquecerei do vazio que senti quando li suas ultimas linhas. Nunca esquecerei de quando eu finalmente encontrei o meu livro preferido. E não quero esquecer de quando me dei conta de que existe algo em suas páginas que descreve alguns dos meus sentimentos.

Houve momentos em que eu me encontrei entre Liesel Meminger e a Morte. Acabei me apaixonando pelo garoto dos cabelos cor de limão que vive pedindo beijos. Aprendi a arte de dizer Saumensch. Torci demais por um judeu que roubava o céu, escondido em um porão na Rua Himmel, 33. Muitas vezes eu quis aprender a tocar acordeão e enrolar cigarros. Respeitei a mulher dos punhos de ferro e senti por Liesel a maior de todas as watschenSenti com ela a emoção de cada livro roubado e cada significado aprendido no dicionário Duden. 

Descobri que o branco é sim uma cor e que eu não vou querer discutir isso com a Morte. Porque uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes e as pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim. Descobri que uma garota pode aprender a ler e que em pouco tempo ela seguraria as palavras nas mãos feito nuvens e as torceria feito chuva. E viraria a Sacudidora de Palavras...

Li atentamente a história do homenzinho estranho que decidiu três detalhes importantes sobre sua vida: 
1. Ele repartiria o cabelo do lado contrário ao de todas as pessoas . 
2. Criaria para si um bigode pequeno e esquisito.
3. Um dia, ele dominaria o mundo.

E sem sombra de dúvidas, eu jamais esquecerei o fato de que irei morrer e que não devo me sentir preocupada por isso, pois a Morte se erguerá cordialmente sobre mim e me levará embora gentilmente.

Apenas sei que nessas páginas existe a história mais linda que já li em toda minha vida e que senti vontade ser cada personagem. Viver cada emoção. Aprendi a amar as palavras graças a Markus Zusak e com esse livro, descobri que eu era lotada de palavras e tinha uma sede enorme que precisava ser saciada.

Então o blog nasceu e me auto nomeei Saumensch. 

Hoje sou uma Sacudidora de Palavras.


1.11.12

Pra me encher de você.


Moço, resolvi manter alguns pensamentos danificados devido aos últimos acontecimentos. Estão um pouco arranhados, alguns estão faltando peças e outros precisam apenas serem polidos para melhorarem um pouco a aparência, mas eu garanto. Eles funcionam. 

O meu cérebro ainda cria momentos, ainda traz imagens de um passado não tão distante, mas o presente vem fazendo o seu caminho e com certa persistência, varrendo toda a sujeira para fora de casa. O que é bom, pois debaixo do tapete já não é um bom lugar para se esconder nada.

A ideia é se livrar de tudo e não deixar rastros. Assim mesmo, como um lixo acumulado ou como um assassinato meticulosamente planejado onde não podemos, de maneira alguma, deixar pistas que nos levem a julgamento.

Porém, o que os nossos olhos evitam, o coração sabe. É ele a vítima, é ele que quer justiça. Quer vingança de uma forma ou de outra, seja ela pela maneira mais simples ou pela mais difícil. Maneiras essas, que nunca sabemos ao certo quais são e nem se valem a pena. Mas para o coração, eu não falo de amor. Ele anda tão frágil que não quer saber do assunto. Ele nem sabe que o amor é como água transparente e cristalina onde todo mundo quer dar um mergulho ou dar um gole. Porém, se tomada em excesso pode fazer mal um bocado à saúde.

Diálogos quebrados são criados pelos pensamentos danificados. O que era para ser certo, nunca esteve tão destruído. Cheio de ferrugem por causa dos dias de tempestades onde repetimos constantemente as mesmas palavras. Dias longos, cansativos, largados, esquecidos e relembrados. 

Moço, quanta saudade cabe em uma vida? Quantas lembranças a gente pode carregar? Existe um número certo ou tudo isso é ilimitado? Seria bom ter uma ideia do que é que a gente carrega com tanto desespero. Desespero que machuca, viu? Parecem vidros que podem cortar quando erguemos para olhar melhor na luz do sol que nos cega. Acho que são os pensamentos, moço. Mesmo quebrados, ainda brilham. Cheios de cores bonitas feito o arco-íris depois de uma chuva de verão. Eles nos enganam, deve ser por isso que dói tanto mantê-los.

Recebo visitas da melancolia as vezes, moço. Sempre tão presente, nunca perde a oportunidade de me trazer algumas angústias. Me deixa sempre com alguns erros estampados em meu rosto, mas eu não reclamo não. Isso faz de mim tão humana, tão cheia de sentir... Sempre com a ideia de que muita gente se vai, mas a gente sempre fica. Sempre fica com algo.

Os pensamentos quebrados cheios de defeitos, lembra? Talvez eu nunca chegue a consertá-los, mas o apego é sempre tão teimoso, moço. Essa teimosia dele é um grande problema, pois fazer a limpeza e me livrar do que não me serve mais anda complicado somente por causa dele. Enquanto o apego me atrapalha, o desapego não quer nem me dar uma forcinha. E ele é tão forte, mas tão sossegado na sua vida marota...

Moço, se você chegar, não se assuste com a bagunça. Não sou uma acumuladora compulsiva, mas faço o possível para me livrar do que não me é mais saudável. Você tem a chave, mas não posso garantir que eu esteja em casa quando você chegar. Talvez eu esteja por aí, ocupada com alguma coisa que me faça esquecer, mas eu prometo que volto. 

Eu volto pra me encher de você.