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9.5.13

Bolinhos de chuva.

Há dias que venho aqui, abro a página, encaro ela por alguns minutos e nada sai. Desisto de escrever. Carrego a impressão de que sempre me perco nas palavras. A ideia era bacana no começo, mas agora começou a me incomodar. Por que? Eu escrevo sempre sobre as mesmas coisas. Tanto indiretamente como diretamente. 

Os pensamentos ainda são os mesmos, um pouco disfarçados, um pouco mais coloridos. Meus dedos apenas seguem pressionando as teclas, colocando no fundo branco as letras que formam palavras pesadas que deixam tudo subentendido. Sinto essa audácia de contar, secretamente, o que há de errado comigo. Com a esperança de que alguém compreenda que não é fácil carregar tanto peso no coração quando sentimos demais.

Eu sou pequena, não consigo carregar mais do que os meus bracinhos conseguem aguentar. Imagine só meu coração, que de vez em quando infla feito um balão e me deixa na beira da morte com cada emoção. Elas trazem uma dor de cabeça nível bomba atômica que é tão inconveniente que tem o poder de testar a minha tolerância diante dos conflitos. 

As pessoas são estranhas quando estão com problemas. Meu pai é do tipo que acorda às 5h da manhã e faz bolinhos de chuva para distrair. Pude notar... Quando os bolinhos de chuva estão envolvidos, sei que a cabeça dele está explodindo feito a massa no óleo quente.

Nunca gostei de bolinhos de chuva. Deve ser esse o motivo. São problemáticos.

Eu sei que tem algo me incomodando e também sei que esse algo não tem nome. Também queria saber se esse algo vai ficar por muito tempo porque, ultimamente, venho sendo espancada por uma sensação de que não estou pronta para nada. 

O estranho é eu estar feliz e sorridente ao observar o mundo. Não é uma escolha própria, nem uma armadilha do destino. Me tornei o que eu sempre temia. Me tornei o tipo de pessoa que finge que nada acontece e que continua seguindo com passos rápidos. Eu assisto a cena enquanto ela acontece de uma maneira da qual eu nunca pude sequer imaginar. 

Torço para que ninguém pergunte qual é o meu problema porque eu não saberia o que responder. Apesar de tudo, serei sempre aquela que se revira por dentro até achar uma solução. Sinceramente, prefiro assim. Viver do avesso sem ninguém se metendo no que eu sinto ou deixo de sentir. Não quero ninguém tentando decifrar o que se passa na minha cabeça, pois sempre foi perceptível o quanto eu preciso de espaço, o quanto eu preciso estar dentro da minha própria bolha. Nunca serei capaz de controlar minhas reações, nem minhas emoções.

A vida não é simples e eu não espero que ela seja. Nunca antes da história dela eu me deparei com coisas que pudessem cruzar meu caminho e me manter indiferente por tanto tempo. A verdade é que eu sempre vou me sentir incomodada quando as coisas funcionam em perfeita ordem. Elas significam problemas. Elas significam bolinhos de chuva estourando no óleo quente às 5h da manhã.

O cheiro é maravilhoso, mas o sabor me embrulha o estômago.


2 comentários:

  1. Gosto tanto desse seu cantinho, Yasmin. É quentinho e acolhedor. Como bolinhos de chuva recém saídos do fogão. rs <3

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  2. Pleeeeaaase não pare de escrever aqui. Eu gosto do jeito irônico como você escreve que poucas blogueiras teem. (:

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